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A época em que havia Tempo

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Mensagem por Jotace Sex Set 10, 2010 6:10 pm



A época em que havia Tempo Avid-turntable-acutus-audiophile-gold-audio-vinyl-record-tonearm-cartridge


O gira-discos é um simbolo que marca uma época. A época em que havia Tempo. Tempo para ouvir musica em casa, tempo para tirar a grande rodela de vinil preto da capa, olhá-la de perto, ver se tinha pó, limpá-lo se necessário, colocá-lo no prato do aparelho, limpar o pó da agulha e fazê-la descer cuidadosamente sobre as espiras iniciais, e, 5 ou 6 faixas musicais após, virar o disco, e repetir o processo.

No entretanto, e enquanto se ouvia a musica, podia-se admirar o grafismo da capa, (enorme, para os parametros actuais), podia-se ler, sem precisar de óculos ou lupas, as letras das canções ou o mais que fosse parte impressa da capa interior, ou da folhinha avulsa que fazia companhia ao disco e ao seu saquinho de plástico.

Enfim, colocar um disco a tocar era processo que poderia demorar vários minutos, e tudo isso fazia parte de um gostoso ritual iniciático (especialmente quando se tratava de um disco novo), que se perdeu com a invenção do CD. Realmente, a unica desvantagem dos discos de vinil era a sua fragilidade: empenavam com o calor, riscavam-se com frequência, sofriam muito com os maus tratos, e foram especialmente esses os argumentos que foram usados para o condenar á morte no dia do nascimento do CD. Porém, e contra todas as expectativas... o vinil, e os gira-discos, não morreram.
Durante duas décadas estiveram moribundos, remetidos ao abandono da vasta maioria. Destruiram-se colecção de discos, venderam-se ao desbarato, ou enfiaram-se no canto escuro de uma arrecadação. Os gira-discos tiveram o mesmo destino. Muitos acabaram no lixo, depois de se encherem de pó, ou de deixarem de funcionar por falta de uso, ou por a agulha se ter estragado e comprar uma nova ser quase impossivel, pelo menos a preços tidos como ‘decentes’. Continuaram a fabricar-se gira-discos, mas apenas para franjas de mercado muito especificas, de elevada qualidade, e com os preços a corresponder. Tornou-se um objecto quase de luxo, e a sua manutenção idem aspas.

Apenas uma franja de ‘lunáticos’ mantiveram os seus gira-discos e os seus discos, incapazes de acreditar e aceitar que o mais romântico e bonito dos aparelhos domésticos pudesse ter sido assim condenado á morte, sem direito a defesa no julgamento, substituido por uns frios paralelipipedos de plástico, com botões e uma gaveta, onde se enfiam uns discos minusculos e brilhantes, que assim desaparecem da nossa vista. Eu fui um deles.


Observações: o fantástico modelo retratado acima é o "Avid Acutus Reference". Preço: 24.000 dólares, sem braço e sem agulha.

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Mensagem por Jotace Sex Set 10, 2010 6:11 pm

O renascimento da minha Fénix musical
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Tive um gira-discos que era parte do meu Hifi Sanyo, o primeiro que pude comprar, quando tinha 18 anos. Depois, substitui-o por um bem melhor, um Dual 505-4, igual a este:

A época em que havia Tempo CS_505-4

Lembro-me que o adquiri numa venda de armazem, feita pela Singer, em Lisboa. Tinha um pequeno risco na tampa, e assim pude comprá-lo por 20 contos (agora 100 €). Há quem os venda actualmente, com mais de 20 anos de idade, por mais do que isso, nalguns casos quase o dobro, caso estejam a funcionar em boas condições. E digo isto para que percebam o que o tempo fez ao mercado dos bons gira-discos, mesmo os usados, com décadas. Há quem deite fora aparelhos destes, antigos, de marcas históricas e com uma longevidade e qualidade de construção exemplar, como a Garrard ou a Thorens, por exemplo, sem ter a minima noção do valor que actualmente atingem.

Alguns anos depois, já na fase pós-CD, e quando já poucos o fariam, cometi a loucura de pagar um valor digamos que ... arriscado, numa compra instintiva e sem tempo para reflexão, a um estrangeiro que estava a vender o recheio da casa para ir embora de Portugal, para lhe comprar duas colunas Bose 901, um amplificador/sintonizador Harman/Kardon 930, e principalmente, um gira-discos Thorens como eu nunca tinha visto, mas que, mesmo sem saber exactamente o que era aquilo, eu sabia que era especial, e que o queria. O fulano não me quis vender só o gira-discos, e assim tive que pagar pela aparelhagem completa. Vendi posteriormente as colunas. Isto aconteceu há cerca de 15 anos. O gira-discos que lhe comprei é igual a este:

A época em que havia Tempo 230064e33ca9c0f197af26e1b3809f22_5

Mantenho-o comigo, e pretendo mantê-lo até que a morte nos separe. É um Thorens Phantasie, um modelo actualmente com 25 anos, e corpo (base) é talhado num bloco de acrilico transparente com 4 cms de espessura. Não é um topo de gama do ponto de vista técnico, mas vim a descobrir tratar-se de uma bela e rara peça, parte de uma edição especial das quais terão sido fabricadas apenas uma centena de unidades para o mundo inteiro.

E faço-lhe aqui esta homenagem, ao meu Phantasie, porque o tratei mal durante quase 10 anos. Os 10 ultimos anos. Deixei de ter tempo. Vendi-me ao pronto-a-comer dos CDs e do MP3, muito devido ao facto de a correia de transporte que liga o motor ao prato se ter danificado, e devido ao meu sobrinho, então com 5 anos, me ter arruinado a agulha num momento em que me apanhou distraído. Dois danos que me levaram a adiar, e adiar, e re-adiar a intervenção e o tempo de dedicação que ele precisava que eu lhe dedicasse. Nunca saiu do seu lugar, na sala de estar, mas ali ficou. Muito de longe em longe, eu voltava a ligá-lo, só pra ver se funcionava ainda. Dava um jeito na correia, e mesmo com a agulha toda marada, punha um disquito a tocar. Mas era uma trabalheira, soava mal, e ... voltava a abandoná-lo. Passaram 10 anos. Eu tinha 32 de idade e agora tenho 42. Alguma coisa mudou entretanto, que me levou a, finalmente dizer ‘BASTA!’. Só sei que estava cheio de saudades do meu gira-discos. Só sei que desejava voltar a ouvir discos guardados há 10, 15, 20 anos, sem serem ouvidos. Afinal tenho mais de 150 albuns, e ... para quê?

Assim, resolvi voltar a ter tempo, e estabelecer como prioridade a ressurreição do meu ‘ai-Jesus’, da minha Fénix musical. Comprei-lhe uma agulha nova (Cristo, os preços são absurdos, actualmente, para qualquer agulha de qualidade!), uma nova correia, uma limpeza e lubrificação, e afinação de angulo da agulha por parte de um profissional competente, e ... ei-lo de volta em todo o seu esplendor! Sim, mas... e os discos?
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Mensagem por Jotace Sex Set 10, 2010 6:13 pm


A ressureição do meu vinil
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Comecei a tirar as bolachas de vinil das suas capas, onde moravam já há uma ou duas décadas, e fiquei estarrecido! Manchas de bolor, pó, dedadas e o diabo-a-sete! A maioria estava num estado deplorável. Percebi que tinha ali um problema. Eu não tinha gasto um dinheirão numa agulha de qualidade e numa revisão ao aparelho, para agora o alimentar com discos naquele estado! Limpezas com alcool, ou duches de chuveiro, não resolveriam o problema. A quantidade de porcaria que se esconde no fundo das espiras do disco é que é responsável pela grande maioria dos ‘tricks-tracks’ que sempre foram a imagem de marca da audição do vinil. O que o pessoal pensa serem riscos ou desgaste, a maioria das vezes é apenas porcaria. A aplicação do pano, ou da escovinha, ou mesmo uma limpeza com alcool ou lavagem com o chuveiro (sim, cheguei a fazer isso a alguns, há mais de 10 anos) não resolve, apenas disfarça.
Achei que era tambem tempo de procurar uma solução de limpeza mais eficiente e radical, que devolvesse aos discos a sua dignidade. E encontrei! Bom... primeiro encontrei máquinas de limpeza topo-de-gama, que simultaneamente, lavam, aspiram e secam cada espirazinha do disco até ao mais recondito cantinho. Verdadeiras maravilhas que deixam cada disco mais limpo do que á saída da fábrica. Infelizmente cada brinquedo desse custa 500€ ou mais, e portanto... opção eliminada. Mas tambem encontrei isto:

A época em que havia Tempo Knosti_diso-antistat

É um kit de limpeza, marca Knosti, composto de um liquido especial, e um reservatório que contém duas escovas, onde cada disco é mergulhado até metade, e depois rodado manualmente nos dois sentidos, sendo depois escorrido, retirado e colocado a secar naquela peça que tem umas astes verticais. Puro trabalho manual, chato, demorado (cada disco demora cerca de 5 minutos, entre tirá-lo da capa, lavá-lo, escorrê-lo e voltar a guardá-lo).
Comprei o Kit, e meti-me mãos á longa maratona. Devo ter gasto, ao longo de vários dias, cerca de 10 horas a limpar discos, um a um. Limpei 130. Deixei ficar uns quantos, até porque, mesmo com filtragem sucessivas, o liquido passou de transparente a castanho claro, além de metade já ter evaporado nos processos de secagem, e portanto... já não dá para mais. Preciso de um frasco novo, mas não há problema, que isso vende-se á parte. Mas o resultado é fantástico! O aspecto do vinil depois de lavado é bestial, e o som ... enfim... é um regresso ás origens. Quase nenhuma estática, e só lá ficaram os poucos ‘tricks-tracks’ (que tambem eram chamados de ‘batatas fritas’) que eram devidos a danos permanentes, ou aos tais residuos agarrados e entalados demasiado fundo, nas espiras, e aos quais nem este conjunto de limpeza consegue alcançar, apenas os tais mega-aspiradores de 500€ conseguem. Enfim, uma audição quase perfeita, e um sorriso de orelha a orelha por poder recuperar o som analógico, macio e suave que um gira-discos em plena forma debita, e que nenhum leitor de CDs ou MP3 consegue replicar.



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Mensagem por Jotace Sex Set 10, 2010 6:14 pm


Velhos são os trapos!
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Pois bem, mas ... um gira-discos não toca sozinho. Precisa de um amplificador e de umas colunas. De preferencia bons, claro. Acontece que, desde que eu tinha comprado o gira-discos, tinha tambem em meu poder o tal amplificador/sintonizador Harman/Kardon 930, ao qual sempre achei um piadão pelo bom aspecto que tinha, pelo seu ar robustamente sexy e vintage, e pelo facto de ainda tudo funcionar na perfeição, mesmo tendo ele actualmente 35 anos.
Foi feito para durar, era o topo de gama da marca em 1975, e é igual a este:

A época em que havia Tempo 930
A época em que havia Tempo 930-Logo-3-4_Sm2427

Nunca tive coragem de me livrar dele, e esteve practicamente 15 anos desligado, guardado na arrecadação. Eu sabia que era uma boa máquina, mas o meu feio, preto e moderno Arcam Alpha 3 servia-me perfeitamente, e não tinha nenhum motivo concreto para o trocar pelo H/K.
Acontece que, porque me obriguei a ter tempo, tambem me obriguei a desligar tudo, e ligar o velhinho e charmoso H/K 930, e descobri que, além de ter muito bom aspecto, toca tão bem ou melhor que o outro, e ainda fico com sintonizador de rádio, que é coisa que eu não tinha, embora nunca me tivesse feito grande falta. Aliás, o circuito de amplificação Phono (para o gira-discos), do H/K 930 é, de facto, melhor, o que naturalmente se reflecte no som! Não imaginaria que um aparelho com 35 anos, que já andou de Herodes para Pilatos e nas mãos de mais de um dono, tivesse tal qualidade de construção que mantivesse tudo a funcionar perfeitamente, sem folgas nem ruidos nos botões, nem iluminação interna fundida!
O resultado foi o que imaginam: meti o Arcam na ‘prateleira’, e agora tenho um sistema Vintage a tocar como gente grande: amplificador com 35 anos, gira-discos com 25, leitor de CDs Marantz e colunas Triangle com quase 20. E ... velhos são os trapos!



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Mensagem por Jotace Sex Set 10, 2010 6:15 pm


As caixinhas do tempo
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No meio de todo este processo, lembrei-me tambem de ressuscitar uns certos discos que merecem fazer parte desta narrativa.
Um dia, há um ano ou dois, fui despejar o lixo reciclável a um ecoponto. Lá chegado, deparei-me com um espectáculo que me fez doer a alma: no chão, ao lado, estava mais de uma centena de livros antigos, com idades entre os 30 e os 50 anos, em conjunto com uma série de trastes poeirentos saídos de um qualquer sotão, cave, ou arrecadação. Parecia ser uma daquelas limpezas que se fazem por morte de alguem. Dava ideia que o patrimonio cultural de uma vida estava ali, no chão, para ir para o lixo.
Comecei de imediato a recolher todos aqueles livros, para os oferecer á escola secundária aqui da minha zona, que estava a construir uma biblioteca. Enchi a bagageira do carro até ao topo. No meio de tudo aquilo, descobri três caixas de discos, edições das Selecções do Readers Digest. Abri-as, estavam completas, trouxe-as para casa. Era uma de musica clássica com 10 discos, uma de musica latino-americana com 12 discos, e outra com 4 discos de bandas sonoras de filmes famosos. Tudo datado de ... 1965, 1966, 1967. Tinham a minha idade! Os discos estavam muito sujos, as caixas algo deformadas do peso que tiveram em cima. Dei um jeito nas caixas e guardei os discos, sem limpar.

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Estava eu no meio do processo de lavagem dos meus discos, quando me lembrei destes. Fui buscá-los, e meti-os no lote da ‘barrela’ manual. Tinham, portanto, poeira, bolor, e marcas de 40 anos. Depois de lavados fiquei pasmado! Aparentemente nunca foram usados! Absolutamente novos! Nem um risquinho, nem uma marca! Nada!
Levei um até ao gira-discos. Escolhi um das bandas sonoras dos filmes. Olho para a lista das faixas e fico de água na boca: “Casablanca”, “Os sete magnificos”, “Cleópatra”, “Zorba, o grego”, “Lawrence da Arábia”, “E tudo o vento levou”, etc, etc.
A agulha aterrou no disco sem o minimo ruido, e o som começa a fluir. Foi como abrir uma caixa do tempo: discos gravados há mais de 40 anos, com a sonoridade da época, e todos os temas interpretados por umas das 3 grandes orquestras americanas de então, a Orquestra Sinfónica RCA (Radio Corporation of America), e tudo com um som quase imaculado, como se tivesse acabado de ser prensados. Ainda tenho 24 discos destes para curtir. Mais 24 páginas de história dentro de 3 caixinhas do tempo. Pormenor delicioso, o de uma das capas, publicitando a trademark “Dynagroove – magnificent new Dinagroove sound”, a primeira tecnologia computorizada a ser utilizada na gravação analógica dos discos, com o objectivo de melhorar a qualidade sonora, e que veio a ser descontinuada em 1970, depois de umas quantas controvérsias.
Reafirmo o que disse atrás acerca dos gira-discos: as pessoas não sabem o que deitam fora. Ainda bem que ainda existem felizes coincidências, e assim, o lixo de uns foi o tesouro de outros, neste caso, de mim próprio, e da escola secundária cá da terra.



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Mensagem por Jotace Sex Set 10, 2010 6:16 pm


A ressurreição de uma era que não chegou a morrer
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O renascimento do vinil e dos gira-discos, é mais do que um fenómeno localizado. É universal, e transversal. Nos ultimos anos voltaram a aparecer discos pretos nas lojas. Ainda recentemente a Fnac fez uma campanha especial, já com mais de 1000 titulos disponiveis em vinil, tanto edições antigas como discos recentes, que já são fabricados simultaneamente em CD e vinil.

A época em que havia Tempo Istockphoto_44627-turntable-in-action-close-up-with-motion-blur

Em conversa com a responsável de uma das lojas de Hi-Fi de Lisboa, fiquei a saber que actualmente se vendem mais gira-discos do que leitores de CDs, nas lojas especializadas. Tanto aparecem compradores entre a malta mais velha, que se arrependeu de se ter desfeito do seu ‘gira-bolachas’ há 20 anos, e agora querem ressuscitar os seus discos, como entre a malta nova, que aparece na loja dizendo que quer um “leitor de vinil”, pois tem em casa uma pilha de discos dos velhotes, e não tem como ouvir aquilo.
O problema maior reside, actualmente, no facto de ainda ser um produto para um segmento muito restrito do mercado, e que infelizmente, e como tal, subiu muito de preço. Um gira-discos razoável, com braço e agulha a condizer, novo, custa mais de 500€. Uma máquina um pouco mais evoluida, sobe fácilmente acima dos 1000€. Uma agulha de qualidade tem preços a partir de 150€. E uma bolacha preta, em formato LP, custa actualmente mais do que um CD. Portanto, se encontrarem alguem que vos ofereça um gira-discos e/ou uma colecção de discos “velhos e inuteis”, não hesitem! Aceitem!

Espero que tenham apreciado tanto a leitura disto, quanto eu apreciei escrevê-lo. Wink

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Mensagem por WiseMax Sex Set 10, 2010 10:14 pm

Jota, parabéns!...

Li-te gulosamente e parei no fim com um chorinho: dei todo o meu vinyl e a minha aparelhagem, da qual constava exactamente um Thorens e agulhas Shure elípticas, magníficas e irritantes, por exporem impiedosamente qualquer risco ou rsstática, material Quad e B&O...

E a pessoa a quem dei desfez-se disso e nunca usou!!!

Tens sorte. Eu fui um asno.


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Mensagem por Jotace Sáb Set 11, 2010 12:12 pm

Pois é, Wise... Thorens, Quad e Bang & Olufsen não é foi uma má decisão: foi sacrilégio, mesmo. Deixa lá, não foste o unico, conheço muita gente assim, que fez o mesmo.
Hoje em dia, há gente que vem cá a casa e olha para o meu gira-discos com um misto de curiosidade e nostalgia. E claro, os miudos não fazem ideia de que coisa é aquela. E foi assim, e por causa da curiosidade, que o meu sobrinho me arruínou a agulha, que era 'só' uma Ortofon 540, com ponta de diamante Nude FG, na altura a melhor das agulhas da marca, dentro da gama média, para gira-discos normais.
Depois de procurar bem, tive ultimamente a felicidade de conseguir comprar outra (só a agulha, não a célula) por um preço muito inferior ao que actualmente o importador pede por elas, e que são uns imorais 210€ .

Epá, se apanhares um gira-discos a jeito, de alguem que se queira desfazer dele, aproveita-o! Precisas é de ter um amplificador á moda antiga, com uma entrada 'Phono', coisa que hoje em dia já é raro, nas vulgares aparelhagens caseiras.


Última edição por Jotace em Dom Set 12, 2010 8:29 am, editado 1 vez(es)
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Mensagem por WiseMax Sáb Set 11, 2010 5:53 pm

Pois... a entrada para "Dynamic" de 3mV e 10 KOhm

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Mensagem por Jotace Sáb Set 11, 2010 9:51 pm

...seja lá o que isso for, que a partir daqui já estás a falar chinês para mim. Laughing
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Mensagem por WiseMax Dom Set 12, 2010 12:30 am

É que havia outra ligação de Phono Alta Fidelidade para "Ceramic" também de baixa voltagem (2mV) para as cabeças HiFi Cerâmicas da Philips, mas a "normal" era para as cabeças electromagnéticas. Que é o que tens.

Claro que havia os pickups cerâmicos de "Alta Infidelidade" (aqueles "automáticos" que se levavam para as festas!...), com agulha grossa, que, segundo os puristas, dava cabo dos discos e uma vez tocados nesses gira-discos ranhosos nenhum audiófilo admitiria tocar esse disco mais alguma vez que fosse na sua preciosa aparelhagem!


Qualquer disco de vinyl tem mais ruídos e menos agudos do que o CD ... mas tem mais dinâmica!... Perde-se por um lado... ganha-se por outro!...



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Mensagem por Jotace Dom Set 12, 2010 8:37 am

Já vi que percebes da poda, tambem nesta area. Wink Chiça, pareces o Leonardo da Vinci! Razz

São poucos os ouvidos que conseguem apreender o encanto da diferença sonora entre musica digital (CD e afins) e musica analógica (vinil). Os CDs gritam, o vinil sussura-nos ao ouvido. Não é uma questão de qualidade sonora(existem bons e maus CDs, e bons e maus discos de vinil, em termos de qualidade de gravação ou prensagem), é mais uma questão de ambiência sonora, de atmosfera envolvente. A mesma peça musical soa de forma diferente sendo tocada em CD, ou em vinil. Mas nem todos conseguem apreender isso. É uma questão de apuro de sentidos. Eu tenho um mau nariz, mas bons ouvidos. Por isso, não posso ser um verdadeiro apreciador de vinho, apesar de gostar muito dele. Laughing
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Mensagem por MClara Dom Set 12, 2010 2:07 pm

Parabens Jotace, achei muito oportuno este teu tópico, engraçado que eu nunca tive coragem de me desfazer das coisas antigas da "casa Mae".Estão guardadas , mas qualquer dia quem sabe eu as vá buscar e provavelmente em mau estado por mais de 28 anos sem uso, mas já nem sei sequer a marca.
Mas lembro que ainda o meu pai usava bobines de fita para reproduzir e gravar, mais de 40 anos deve ter a nossa aparalhegem e mais de 28 sem uso, mas guardada ainda no armario de som.
Á uns anos atrás quando precisei de comprar uma aparelhagem de som cá para casa depois do meu divórcio optei por uma technics por modulos e comprei o giradiscos , podia ter optado nao comprar, mas questionei o que eu faria aos meus discos?
Não tenho muitos, porque as prioridades sempre foram muitas, e adquirir música, não existia dinheiro para esses luxos mas tenho alguns principalmente música clássica que sempre foi a minha paixão.
Eu sou considerada uma saudosista familiar e volta e meia, trago coisas da casa de familia para a minha, mas a aparelhagem de som, não me tinha passado pela cabeça faze-lo.
Ainda bem que me lembraste.
Quem sabe a partir do fim do ano, eu posso dedicar algum tempo a ir buscar a maquina de escrever familiar que era toda em ferro e linda e começar a recuperar algumas coisas.
Mas .. constato que mesmo a minha aparelhagem de som, raras vezes a uso, apenas quando tenho visitas, o computador acabou por substituir muita coisa.
Se isso é bom ou mau, nem sei...
Mas voltando ao início parabens Jotace, acabei por perguntar a alguns amigos o que tinham feito das suas aparelhagens de som de discos e a resposta foi igual, uns mandaram para o lixo, deram, e... ficaram a pensar .
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Mensagem por Jotace Seg Set 13, 2010 12:41 am

Uma coisa te digo, Maria: para quem é melómano a sério, um computador nunca poderá substituir uma alta-fidelidade com os seus vinil ou os CDs.
E infelizmente, o advento da musica digital, dos I-Pods, das pens e dos auscultadores minusculos está a criar uma geração de garotos que não fazem a menor ideia do que é ouvir musica em boas condições, e pior ainda, sem capacidade para apurar o seu ouvido, o seu gosto, e definirem o seu grau de exigência.
O que noto hoje em dia, é que, ou os pais são bons conhecedores e apreciadores, e formam musicalmente os seus filhos desde tenra idade, tanto em relação ao conteúdo como em relação á forma (portanto, á aparelhagem), ou ... a maioria dos garotos deve achar que o graal musical passa por um I-pod cheio de hip-hop, Shakiras, Lady Gagas, Beyoncés e outras que tais.
Quando eu era teenager, o maior sonho que eu e os meus amigos tinhamos era poder ter uma aparelhagem das boas, e muitos discos e cassettes para a usar. Tal como eu fiz, outros fizeram, e os primeiros trocos que ganhámos a trabalhar foi para comprar a melhor aparelhagem possivel. Dominávamos os pormenores técnicos dos pratos, dos watts, das equalizações perfeitas, das diversas vias das colunas, dos Decks, dos Dolbys e por aí fora.
Actualmente, os putos querem é o melhor computador e I-pod possivel, e parece que perderam a capacidade de saber ouvir tocar umas colunas em condições. Não tem interesse nenhum em ter o CD original nem uma cópia, desde que tenham um ficheiro Mp3 comprimido no limite do aceitável, mas onde se perdeu 50% da dinâmica das musicas, para que cada canção ocupe o menor espaço possivel. E pronto, aquilo serve-lhes! Tem cortes brutais nos extremos da zona de graves e agudos, mas para eles, tanto faz! Só ouvem aquilo nos auscultadores, ou numas colunas rafeiras no computador, e portanto...é igual ao litro! E convenhamos que, para ouvir a trampa que eles ouvem, provavelmente deve ser mesmo indiferente. É que nós ouviamos os Genesis, os Supertramp, os Pink floyd, os Direstraits, e outros que tais, e tudo isso exigia ser ouvido em condições. Agora estas pepineiras que são as actuais vedetas do mercado, pfffff...
Resumindo, acho que estão a criar uma geração de surdos, em ambos os sentidos. Surdos pelo abuso dos auscultadores, e surdos pela incapacidade de apreciar algo mais elaborado do que a treta que hoje nos impingem. Adiante...

Falavas em coisas antigas, ou seja, e como se diz agora, vintage. Nesse ambito, olha lá o ultimo brinquedo que arranjei, aqui há umas semanas, e que era um desejo antigo só agora concretizado:

A época em que havia Tempo P1010222bo

Rádiozinho a válvulas, da década de 50, origem alemã, quase impecável de aspecto, e com tudo a funcionar.
São tão giros, estes aparelhos! Parece que têm vida própria. Tem um ar de animal de estimação, com aquele look redondinho, e aqueles dois "olhos" a mirarem-nos. É tão giro fazer festinhas naqueles botões grandes, e apanhar umas estações á moda antiga, em onda média. Tambem tem onda curta, mas ainda me falta a antena.

É o Nordmende cá de casa. Dá vontade de dizer "Nordmende, aqui! Deita! Rola! Dá a pata, dá!" Laughing Razz

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