No Domingo passado, com uma multidão de gente com bom gosto (gaba-te cesto...) ajudei a encher, ou melhor, a apinhar como nunca havia visto antes, o Pavilhão Atlântico, para voltar a ver e ouvir uns sexagenários acompanhados de alguns moços mai’novos, a tocar e cantar umas coisas que marcaram uma era, e a minha infancia e juventude.

Irónicamente, uma banda cujo nome tem semelhanças ortográficas e fonéticas com duas palavras que, em Português, servem de qualificador muito depreciativo, fizeram algumas das mais maravilhosas peças musicais da história da musica pop-rock. E de quem estou a falar? É dos Supertramp, pois claro!



Aaaaai, que maravilha ser ‘cota’! Tenho uma pena danada dos putos com menos de 20 anos, que ao ouvirem falar em Supertramp reagem com um “Kêêêêêê isso!?”, e lá voltam a enfiar os auriculares nos ouvidos, com a Beyoncé, ou a Rihanna, ou a Lady Gaga, convencidos que aquilo é que é a suprema viagem ao paraíso musical.
O concerto, musicalmente foi optimo. Grande som, muita musica, muita festa. Pena que aquilo estivesse tão cheio, e o palco tão longe, montado mesmo ao fuuundo do pavilhão, onde eu nunca o havia visto antes.

Foi a segunda vez que os vi, pois estive em Cascais, na praça de toiros, há cerca de 10 anos, quando eles cá vieram pela ultima vez. Dessa vez, havia menos gente, e mais espaço na plateia. Agora, desta vez, nota-se bem a onda revivalista que atravessamos. Nota-se a vontade de uma série de gente que está a deixar pra trás os anos de ouro da sua existência, em recuperar, nem que por um par de horas apenas, as gulosas e saudosas recordações da sua juventude. E não estou a falar dos musicos, obviamente...

Estupidamente, os 3 ecrans gigantes disponiveis, estiveram desligados grande parte do tempo, a sua utilização foi limitadissima, e foi pura e simplesmente impossivel, por exemplo, ver o Rick Davies (é o principal cantor, compositor e pianista da banda, e seu fundador) de perto. Não sei se foi o gajo que não quis ser filmado para não lhe vermos as rugas e os cabelos brancos, mas lá que é esquisito, é! Havia grandes planos das mãos dele no piano, e depois havia imagens a 5 metros de distância, em que nem lhe conseguimos perceber as feições. Além disso, não me lembro de uma unica palavra que ele tenha dirigido ao publico, tendo deixado as ‘despesas’ do falatório para o homem dos instrumentos de sopro, e outra das míticas figuras da banda, o John Helliwell.

Naturalmente que a segunda cabeça da banda, o mitico Roger Hodgson (era o gajo da voz fininha e dos falsetes, e o outro grande compositor dos Supertramp) continuou a não estar presente. É um divórcio aparentemente eterno, e é lamentável, pois eles não vão para novos, e ... bem podiam ter resolvido já as suas diferenças, depois de mais de 20 anos de separação.

O resto, foi uma festa! Um desfile de clássicos, irrepreensivelmente tocados, um montão de ‘cotas’ em delirio, outros apenas sentados e imóveis, como monos, durante todo o concerto (ele há de tudo, nestas coisas), umas ‘tias’ de escalpe oxigenado e cheias de oiros, a abanar carola como se tivessem 18 anos outra vez, alguns filhos de quarentões e cinquentões a quem os pais conseguirão transmitir o bom gosto, e a certeza de que não há dinheiro que pague momentos destes, especialmente quando é quase certo que podem ser ultimas oportunidades de estar presente numa festa com lendas vivas, e canções perfeitas.

Deixo-vos o alinhamento do concerto, para recordarem algumas coisas, e irem imediatamente tirar o “Paris”, o “Breakfast in America”, o “Famous last words”, o “Crime of the century”, ou outro que tal, da vossa prateleira dos discos, e pô-lo a tocar.

1. You Started Laughing
2. Gone Hollywood
3. Put on Your Old Brown Shoes
4. Ain't Nobody But Me
5. Breakfast in America
6. Cannonball
7. Poor Boy
8. From Now On
9. Give a Little Bit
10. Downstream
11. Rudy
12. It's Raining Again
13. Another Man's Woman
14. Take the Long Way Home
15. Bloody Well Right
16. The Logical Song
17. Goodbye Stranger

Encore
18. School
19. Dreamer
20. Crime of the Century