Em nome da História

A nossa Sociedade de Informação

Teria aí os meus 8 anos quando comecei a não gostar dos americanos e a culpa foi toda dos marinheiros que ancorados no Tejo, se espalhavam pelos Cafés de Lisboa . na atitude arrogante dos pés em cima das mesas. E aquela imagem buliu tanto com a minha mente de criança, que segundo décadas mais tarde o professor Vieira mo recordaria num Convívio na Quinta de S. Vicente, resultou em tema de uma redacção.
Mas aconteceu o 11 de Setembro e naturalmente estive ao seu lado, e não concordei com Mário Soares quando este preconizou o diálogo com os terroristas, alinhando no coro de que actos desta natureza só podem ser combatidos sob a fórmula “dente por dente, olho por olho”.Mas hoje já assim não penso, pois estando errado, afinal o seu procedimento é resultado de convicções, e também entendo que só um diálogo iner-religioso nos pode trazer a PAZ
Mas por falar em terrorismo, o grande inimigo da Humanidade pois nunca sabemos quando, como e de onde vem, há, quem considere que terrorismo liga com nacionalismo, e muitas vezes reaulta da luta de territórios contra grandes potências que os querem subjugar, e outro caminho não têm do que fazê-lo no “escuro”.
Mas vamos ao motivo primeiro que nos levou a este escrito e tem a ver com a “Sociedade da Informação”que vai modelando a História a a seu belo prazer. Ora, a História é constituída por uma sucessão de factos e acontecimentos, e deveria ter um compromisso com a verdade, não ser mutilada face ao interesse de quem para isso tem poder
E vamos à Sociedade de Informação:
No dia 11 de Setembro , e muito bem,as nossa casas foram inundadas por enxurradas de notícias sobre o ataque às Torres Gêmeas.Fica-nos no entanto no ar uma questão:--por que não se fez o mesmo em
6 e 9 de Agosto, lembrando que nesses dias de 1945 os Estados Unidos lançaram sobre Hiroshima e Nagasaki, as primeiras bombas atómicas. É certo que estavam em guerra com o Japão, mas tal experiência ultrapassa tudo o que mesmo em guerra é admissível, e não é certamente orgulho dos americanos sérios e humanistas.
Eu compreendo que há a ”diplomacia” que tem muito a ver com a omissão e a hipocrisia. Mas a História da Humanidade tem que ser contada com todas as suas grandezas e misérias, e estes bombardeamentos cujos efeitos nefastos ainda hoje se fazem sentir, apresentam-nos números que nos fazem arrepiar e verdadeiramente inadmissíveis mesmo em cenário de guerra.

Claro que toda a simpatia pelo povo americano, mas na convicção que alguns dos seus mentores nada queriam com os valores da Humanidade.

LINO MENDES