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GASTRONOMIA
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GASTRONOMIA
Por terras de Montargil…
Se hoje entrar num restaurante de Montargil e pedir comida da terra, isto é, comida tradicional, encontra facilmente (?) pratos de muito agrado como sopa de cação, migas com carne de porco, cozido, ensopado de cabrito ou borrego estufado, mas é pena que as outras receitas mais do dia-a-dia como feijão com couve, a sopa de cebola ou a sopa de cachola, o feijão de molho ou papas de espeto, para mais não citar, sejam hoje ignoradas.
Digamos, antes de mais, que sem fundamentalismos somos um defensor da comida tradicional, mas é preciso dizer que não o fazemos por saudosismo ou apenas por uma questão de cultura, mas também por uma questão de saúde, de qualidade de vida. São até agora os grandes especialistas internacionais que apelam para que se volte “aos hábitos alimentares do passado preferindo uma alimentação sadia, sem perigo de químicas, pouca condimentada e tanto quanto possível tradicional das regiões já que ao longo de gerações esse hábitos se revelaram saudáveis.
Dantes, isto é, antigamente, comia-se o que a terra dava ou em casa se criava, e se o progresso nos trouxe algumas outras condições, fê-lo por vezes também á custa de alguma qualidade. Por exemplo, o caso do porquinho, que cada casa engordava (por mais pobre que fosse) e que era criado a milho e a centeio cozido, figo e a batata cozida, nada como hoje em que é a farinha cheia de produtos químicos. E a carne, que durava para um ano enquanto no o “rodeio” outro “porquito” engordava, era guardada em salgadeiras de madeira e conservada em sal.
Sem dúvida com mais qualidade que hoje, na era do frigorífico.
Hoje é tudo mais rápido, vivemos a correr, enquanto dantes era a natureza que tudo comandava. Agora temos o fogão eléctrico ou a gaz e a panela de pressão, mas a qualidade da comida de antigamente tinha muito a ver com o sabor diferente que a panela de barro e o lume no chão lhe davam.
E o pão caseiro no forno aquecido a lenha e tendo como fermento o “isco” da própria massa? Era então bem duro amassá-lo a pulso, mas diz quem sabe que nesse aspecto a máquina de hoje não lhe retira qualidade.
E era também a sardinha que hoje se diz ser até curativa, era o azeite, e se então aqui existiam oito lagares era porque a produção com alguma predominância da de cariz familiar, tinha alguma expressão.
Era ainda e também a fruta da época, fresca, sem curamentos.
Será então que preconizamos um regresso ao passado? É evidente que não, mas sugerimos, isso sim, que se aproveite todo o positivo das novas tecnologias no aproveitamento do tradicional.
Mas regressemos ao antigamente:
Trabalhava-se então, e infelizmente, de sol a sol.
Como era então o horário?
O curioso é que o viemos a saber através de uma “letra” das tradicionais “saias”
O almoço quer-se ás nove
E o jantar ao meio-dia
A merenda às quatro e meia
E a ceia ao fim do dia.
E como era então a sua alimentação, dos trabalhadores em especial, quando deslocados à semana ou à quinzena?
Perguntámos a duas antigas camponesas, as irmãs gémeas Ramira e Margarida, que de pés descalços calcorrearam esse caminhos.
Logo ao levantar, e antes de enregar no trabalho, comia-se um bocado de pão com queijo ou com azeitonas, depois ao almoço feijão frade ou batatas de azeite e vinagre, à merenda de novo pão com queijo ou com azeitonas, ao jantar feijão com couve ou sopas de carne e à ceia migas carvoeiras ou migas gatas. Claro que não seria sempre assim, mas esta era uma ementa possível.
E como seria a semana, no que diz respeita a gastronomia numa casa normal?
Falámos com a senhora Celestina Trindade, que bem conheceu as casas pobres embora se pudesse considerar remediada, de lavrador, e que nos disse que poderia ser assim, pelo menos, e se fosse convidada, assim organizaria hoje uma “semana gastronómica”:
Segunda-feira:
Almoço: Açorda com bacalhau
Jantar: Sopa miúda ( com feijão verde e batata)
Terça-feira:
Almoço: Sopa de cação
Jantar: Feijão com couve e cação frito
( de preferência no forno )
Quarta-feira:
Almoço: Migas gatas com bacalhau
Jantar: caldo verde com sardinha assada
( de preferência no forno )
Quinta-feira:
Almoço: Sopa da panela, temperada com toucinho e chouriço
Jantar: O mesmo do almoço.
Sexta-feira:
Almoço: Sopa de cebola
Jantar: Feijão de molho com batatas
Sábado:
Almoço: Sopa de carne
Jantar: O mesmo do almoço
Domingo:
Almoço: Canja de galinha
Jantar: Galinha corada
Lembrando a doçaria, especialmente o arroz doce e o bolo de bacia, o bolo
podre ( com mel e azeite ) e a torta de amêndoa, o bolo enrolado e a tijelada, o pão de ló e as broinhas, registemos também os licores de laranja, de tangerina, de limão e de erva cidreira.
Se hoje entrar num restaurante de Montargil e pedir comida da terra, isto é, comida tradicional, encontra facilmente (?) pratos de muito agrado como sopa de cação, migas com carne de porco, cozido, ensopado de cabrito ou borrego estufado, mas é pena que as outras receitas mais do dia-a-dia como feijão com couve, a sopa de cebola ou a sopa de cachola, o feijão de molho ou papas de espeto, para mais não citar, sejam hoje ignoradas.
Digamos, antes de mais, que sem fundamentalismos somos um defensor da comida tradicional, mas é preciso dizer que não o fazemos por saudosismo ou apenas por uma questão de cultura, mas também por uma questão de saúde, de qualidade de vida. São até agora os grandes especialistas internacionais que apelam para que se volte “aos hábitos alimentares do passado preferindo uma alimentação sadia, sem perigo de químicas, pouca condimentada e tanto quanto possível tradicional das regiões já que ao longo de gerações esse hábitos se revelaram saudáveis.
Dantes, isto é, antigamente, comia-se o que a terra dava ou em casa se criava, e se o progresso nos trouxe algumas outras condições, fê-lo por vezes também á custa de alguma qualidade. Por exemplo, o caso do porquinho, que cada casa engordava (por mais pobre que fosse) e que era criado a milho e a centeio cozido, figo e a batata cozida, nada como hoje em que é a farinha cheia de produtos químicos. E a carne, que durava para um ano enquanto no o “rodeio” outro “porquito” engordava, era guardada em salgadeiras de madeira e conservada em sal.
Sem dúvida com mais qualidade que hoje, na era do frigorífico.
Hoje é tudo mais rápido, vivemos a correr, enquanto dantes era a natureza que tudo comandava. Agora temos o fogão eléctrico ou a gaz e a panela de pressão, mas a qualidade da comida de antigamente tinha muito a ver com o sabor diferente que a panela de barro e o lume no chão lhe davam.
E o pão caseiro no forno aquecido a lenha e tendo como fermento o “isco” da própria massa? Era então bem duro amassá-lo a pulso, mas diz quem sabe que nesse aspecto a máquina de hoje não lhe retira qualidade.
E era também a sardinha que hoje se diz ser até curativa, era o azeite, e se então aqui existiam oito lagares era porque a produção com alguma predominância da de cariz familiar, tinha alguma expressão.
Era ainda e também a fruta da época, fresca, sem curamentos.
Será então que preconizamos um regresso ao passado? É evidente que não, mas sugerimos, isso sim, que se aproveite todo o positivo das novas tecnologias no aproveitamento do tradicional.
Mas regressemos ao antigamente:
Trabalhava-se então, e infelizmente, de sol a sol.
Como era então o horário?
O curioso é que o viemos a saber através de uma “letra” das tradicionais “saias”
O almoço quer-se ás nove
E o jantar ao meio-dia
A merenda às quatro e meia
E a ceia ao fim do dia.
E como era então a sua alimentação, dos trabalhadores em especial, quando deslocados à semana ou à quinzena?
Perguntámos a duas antigas camponesas, as irmãs gémeas Ramira e Margarida, que de pés descalços calcorrearam esse caminhos.
Logo ao levantar, e antes de enregar no trabalho, comia-se um bocado de pão com queijo ou com azeitonas, depois ao almoço feijão frade ou batatas de azeite e vinagre, à merenda de novo pão com queijo ou com azeitonas, ao jantar feijão com couve ou sopas de carne e à ceia migas carvoeiras ou migas gatas. Claro que não seria sempre assim, mas esta era uma ementa possível.
E como seria a semana, no que diz respeita a gastronomia numa casa normal?
Falámos com a senhora Celestina Trindade, que bem conheceu as casas pobres embora se pudesse considerar remediada, de lavrador, e que nos disse que poderia ser assim, pelo menos, e se fosse convidada, assim organizaria hoje uma “semana gastronómica”:
Segunda-feira:
Almoço: Açorda com bacalhau
Jantar: Sopa miúda ( com feijão verde e batata)
Terça-feira:
Almoço: Sopa de cação
Jantar: Feijão com couve e cação frito
( de preferência no forno )
Quarta-feira:
Almoço: Migas gatas com bacalhau
Jantar: caldo verde com sardinha assada
( de preferência no forno )
Quinta-feira:
Almoço: Sopa da panela, temperada com toucinho e chouriço
Jantar: O mesmo do almoço.
Sexta-feira:
Almoço: Sopa de cebola
Jantar: Feijão de molho com batatas
Sábado:
Almoço: Sopa de carne
Jantar: O mesmo do almoço
Domingo:
Almoço: Canja de galinha
Jantar: Galinha corada
Lembrando a doçaria, especialmente o arroz doce e o bolo de bacia, o bolo
podre ( com mel e azeite ) e a torta de amêndoa, o bolo enrolado e a tijelada, o pão de ló e as broinhas, registemos também os licores de laranja, de tangerina, de limão e de erva cidreira.
LINO MENDES- Visitante
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