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Mensagem por Jotace Qui Jan 08, 2009 7:03 pm

Já tenho 40 anos. 41, mais precisamente. 4 décadas. Uma catrefada de meses, um horror de dias. Diz quem já passou por esta fase que ás vezes ‘bate’ cá dentro com força. Há outros a quem não afectou nada, dizem eles...(pois eu cá não acredito). Seja como fôr, é uma altura tramada, e começo a dar por mim a trautear de forma absurdamente insistente o hino dos quarentões, da autoria do Paco Bandeira (‘A ternura dos quarenta não tem conta nem medida’)- pessoalmente acho que quando ele escreveu isto ainda não tinha feito nenhum exame á prostata, nem nunca tinha passado pela humilhação/frustração de um dia, e na hora errada, o baluarte da sua masculinidade o deixar ficar mal visto... (admito que são duas coisas que me apavoram, e que terei como certas num futuro cada vez mais próximo).

É o assumir de consciência de que muito provavelmente o melhor da vida já passou, e de que estes cabelos brancos que se multiplicam, mais aqueles que vão caindo, quando anexados aos ‘pés-de-galinha’ que se vão desenhando ao canto dos olhos, e aquela dor das costas que ainda há uns tempos não existia, e agora é cada vez é mais frequente, (já para não falar de uma certa nostalgia dos tempos dos concursos de ‘quantas consegue dar seguidas’), e a crescente falta de paciência para um conjunto de pormenores e pequenos nadas que nos pareciam tão importantes há 10 ou 20 anos, e a nova paciência e atenção dedicadas a algumas outras pequenas coisas que com 20 ou 30 de idade ainda não nos diziam nada, enfim que tudo isto não será mera coincidencia. É mesmo porque sim, porque o caminho é este, e nada o faz voltar para trás. Podemos apenas tentar ignorar o lado potencialmente negativo, e enxotar a figura sinistra da Cidália Moreira (‘ aaaaaaai quem me dera, ter outra vez vinte anos’), e tentar fazer de cada novo dia um motivo mais para viver o presente acreditando no futuro, enquanto vamos assobiando a mais celebre das cantilenas dos Monty Pyton (‘Always look at the bright side of life’).

Eu, vou tendo dias em que sim, e outros em que não. Nos dias ‘Sim’, acho que tudo vale a pena, porque há objectivos atingidos e outros a atingir, e sonhos para fazer cumprir (‘ to dream the impossible dreeeeeeam...’), e uma familia e amigos, alguns... poucos... que a vida vai-se encarregando de fazer a desapontante triagem, e enquanto houver saúde e força, cá estaremos para lutar por nós e por eles. Nos dias ‘Não’, tenho crises de nostalgia, e armo-me em Bonga (‘tenho uma lágrima no canto do olho’), enquanto vou recordando o que já lá vai, o que de mal fiz no meu percurso, e ponderando em que cruzamentos da vida eu poderia ter mudado de direcção, e se isso teria sido melhor ou não (ninguém sabe, não é ?) ao som de algo castiço mas pimbamente incómodo, via António Mourão (‘ó tempo, volta pra trás, traz-me tudo o que eu perdi’). Depois a memória vagueia por lugares vividos ou visitados, e por pessoas que perdi algures nas curvas do caminho, algumas disso consciente, e outras sem perceber que no ultimo aperto de mão e/ou troca de palavras, me devia ter despedido com um ‘até... sempre’, que é outra forma menos violenta de de dizer ‘até nunca mais’, e ... pimba! – lá vem ele, o António Sala, do alto do seu bigode (‘onde estão os meus velhos amigos, onde estão o que é feito de vós, tanto tempo passou entre nós’).

Cresci e conduzi a minha vida para tentar fazer dela mais do que os meus pais tiveram, tanto em termos de felicidade como de prosperidade. Tracei os meus planos, procurei segui-los á risca, passo a passo, fui quase sempre ponderado nas minhas decisões, evitei muitas loucuras em prol da construção do tal futuro que constava no mapa do tesouro das minhas ilusões. Tantas vezes, e ainda agora, tenho momentos de inquietação (olha o Zé Mário Branco! - ‘cá dentro inquietação, inquietação, é só inquietação, inquietação, porquê não sei ainda’....) em que não me importava de ter sido mais louco e menos ponderado, no passado, porque há coisas que se vivem no momento certo, e que não tem preço, porque não podem voltar a ser vividas. Infelizmente o traçado que nos separa dos nossos objectivos nem sempre é o mais curto ou o mais coerente, mas com maior ou menos dificuldade, os meus lá foram sendo atingidos: o emprego, a profissão, o amor e o casamento, a paternidade, o conforto material. Lamento ter deixado de me sentir feliz e realizado profissionalmente, e que a prosperidade e estabilidade financeira tenham sido gradualmente criadas á custa de insatisfação e frustração, e que tenha sido preciso ‘perder’ quase 20 anos (10 dos quais profissionalmente frustrado), para poder finalmente dar-me ao luxo de poder estar a fazer agora aquilo que simultaneamente gosto e me sustenta (durante um ano, esta não me saiu da cabeça: ‘muda de vida, se não vives satisfeito, muda de vida, estás sempre a tempo de mudar’), embora não saiba ainda se esta é uma situação permanente. Contudo, estava no meio de muita gente, todo o dia, e o reverso da medalha é que, para fazer o que gosto tenho que estar sozinho, todo o dia, aqui, em frente a este ecran. Nunca estarei bem com o que tenho? (lá vem o Variações outra vez : ‘só estou bem aonde não estou, porque só quero ir aonde não vou’) . Será toda a gente assim? Vivia o meu dia-a-dia profissional frustado mas entre colegas e amigos, e agora vivo-o realizado, mas solitário (ou ‘All by myself’, como dizia o Eric Carmen, e mais recentemente a gritadora Celine Dion). Era tanta gente, e agora o ... silêncio. Bem sei que não é fácil lidar com isto. Haverá muitos que não aguentariam a solidão, e prefeririam voltar a estar acompanhados, ainda que frustrados. O meu perfil psicologico tem permitido lidar com a situação o melhor possivel, sempre com os olhos no objectivo final: ser dono de mim e do meu tempo. Enfim, não é fácil. Um sonho ainda me alimenta a esperança no futuro, e me faz sorrir, pois há uma parte de mim que ainda não deixei despontar. Existe uma vertente altruista que espero poder um dia exercer, quando puder dar-me ao luxo de me preocupar menos, e diáriamente, com o meu sustento. É certo e sabido que as exigências profissionais e a busca pelo conforto material nos tornam, quase sempre inconscientemente, egoistas e egocentricos. (‘think twice, because it’s another day for you and me in paradise’ – ah, era o Phil Collins que cantava isto, pois era).
Gostaria de fazer-me bem ao ego, e ter-me em melhor conta enquanto ser humano, podendo dar mais de mim aos outros, e especialmente a quem precisa. O meu plano de vida não ficaria completo se, entre uns exames á prostata e uns comprimidos para o colesterol, eu não pudesse acrescentar-lhe isso. E talvez a forma mais fácil de começar seja mesmo essa: a de pensar que estarei a fazer tão bem a mim como a terceiros que necessitem. Já lá dizia o J.Cristo : ‘há mais felicidade em dar do que em receber’. Sinto que precisarei de experimentar isto a sério, para sentir coisas novas, diferentes daquelas proporcionadas pela mera obtenção de resultados materiais, os quais aliás, vão sendo cada vez menos estimulantes.

Enfim, e em resumo, já fui 'pedra' e 'grito', vivi anos no meio de tanta gente, demorando a descobrir quem, e o que sou, e para onde quero ir. Continuo agora, no meio do silêncio que me acompanha nestas linhas introspectivas, ainda sem saber se quero ser pedra ou grito, ou se assumo que sou ambos, por vezes frio, estável, inabalável, obstinado, perene, e outras estridente, quente, desequilibrado, inconstante, futil e fugaz; é o paradoxo. O eterno paradoxo de quem reflecte sobre si e a sua vida. Uma coisa tenho já como certa: perdi as ilusões algures ao longo deste caminho, e com isso perdi um belo pedaço de mim. Aquelas ilusões da juventude e da entrada na idade madura. Foi bom ter ilusões e bebê-las sofregamente, mas quanto mais se têm, mais custa perceber que as perdemos. Eramos bem mais felizes cheios de ilusões, não eramos? Sim, falo tambem convosco, ‘entões’ que me lêem ( todos esses, dos quarenta para cima, pois claro). ‘É a experiência’ – dizem. A experiência é outro paradoxo. O que é melhor : ser inexperiente, inconsciente e adolescentemente feliz, ou experiente, quarentão e desiludido com o mundo, consciente da sua finitude, ainda que maduramente feliz? Sei lá eu! Sabem lá vocês! Sei que tenho quarenta anos, e em consciência, preferia não os ter, mas sei que me sabe bem finalmente perceber agora porque é que a Maria Guinot, aquela senhora de pose austera e sisuda, venceu o Festival da Canção há 23 anos com um piano, uma melodia e um poema que naquela ocasião, e do alto dos meus 17 anos, eu não percebia e não fazia sentido nenhum para mim naquele contexto festivaleiro, e compreender agora tudo o que ela disse e quis dizer (na minha interpretação, pois para outros poderá significar qualquer outra coisa), e redescobrir numa estranha tomada de consciência desta meia-vida percorrida, uma das mais belas canções que o dito certame cançonoteiro nos deixou em legado cultural. Porquê ? Porque nela existe o piano, a voz, a melodia, mas tambem o Sim, e o Não, e o Silêncio, e Tanta Gente, e o Grito e a Pedra, e a descoberto do Eu, o fim das ilusões, e ainda assim, e acima de tudo, o Amor. E que assim venham mais quarenta...pelo menos!



Maria Guinot – 1984 – Silêncio e tanta gente.

Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro o amor em teu olhar
É uma pedra
Ou um grito
Que nasce em qualquer lugar

Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal aquilo que sou
Sou um grito
Ou sou uma pedra
De um lugar onde não estou

Às vezes sou o tempo que tarda em passar
E aquilo em que ninguém quer acreditar

Às vezes sou também
Um sim alegre
Ou um triste não
E troco a minha vida por um dia de ilusão
E troco a minha vida por um dia de ilusão

Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro as palavras por dizer
É uma pedra
Ou um grito
De um amor por acontecer

Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal p'ra onde vou
E esta pedra
E este grito
São a história d'aquilo que sou



PS - para quem não sabe do que é que eu estou a falar (haverá gente a ler isto que ainda não tinha nascido em 1984 ), ou para quem queira relembrar um belo momento, cliquem aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=vblQfBMzvdE


Depois, se quiserem sorrir, e ver um fulano estrangeiro, que não sabe português, a esmifrar-se para tentar cantar a mesma canção, cliquem aqui. Pondo de parte a graça que este momento tem, não deixa de ser enternecedor. Cá em Portugal é uma canção esquecida, mas há gente nova, estrangeira, que 'faz o pino' para a conseguir cantar. Porque será?

https://www.youtube.com/watch?v=sr9OGtzBAyU
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A ternura dos quarenta -banda sonora de meia vida Empty A dureza dos quarenta

Mensagem por Pacencia Dom Jan 11, 2009 5:09 am

Passei os 40, os 50…. Não, ainda não mas pouco falta.
Tive um flash.
Mas não porque passei os quarenta mas porque vivi quarenta anos… e tais.
Não foi uma data feliz, nem triste. Foi um momento que em nada foi especial. Passou com a indivisibilidade que é o tempo.
A vida é contínua
Olho para trás e não tenho saudades. Apenas quero rever a matéria dada. Não há nenhuma idade que quisesse repetir. Voltar atrás? Aonde? À adolescência? Que horror! À juventude? Detestei aquela falta de à-vontade de viver a vida; sempre o grupo, o bando, as convenções a falar mais alto. A idade adulta? Bom… - a idade actual, física e mental, são as ideais. E só tendem a melhorar com as novas experiências que estão para vir. O físico? Cada vez menos importante quanto mais se aprende a saborear cada momento.
Quero novidades, experiências novas. Não quero objectivos nem finalidades. No percurso é que está o gozo. Adorava lembrar-me de outras idades, outras vidas, outras vivências para saber o que aprendi… mas não é fundamental.
O que consegui? Tudo e nada. Ganhei tudo, perdi tudo, continuo, recomeço; a experiência ninguém ma tira.
A vida continua…
Ficam-me as recordações. Mas não saudades. Apenas do futuro. Uns rabos-de-palha mas nunca poderão roubar os passos seguintes.
As pessoas. Naturalmente triadas. Uns que mesmo com longas ausências, voltam como se tivéssemos tomado café no dia anterior – que maravilhosos. Outros continuam. Novos aparecem – que bom. E os esquecidos… por alguma razão estiveram e por outras razões se foram. Mas foram quarenta anos que fizeram isso. Não aos quarenta.
E o ensejo de viver com o absolutamente necessário. Ensejo. Apenas o fundamental. «Olhai os lírios do campo… Olhai os pássaros do céu…». Livrai-me de pesos mortos! Foram milhares de experiências e sem olhar para trás. E que vem de tenra idade(?).
Olho o futuro e interrogo-me : que mais me irá acontecer? Será que ultrapassarei esta crise? Serei melhor? E por momentos meço e peso (mas só por momentos): já será a outra metade? Terei tempo de qualidade? Para que corro? É a única altura em que a idade parece que conta.
Mas olho o futuro desde sempre… O engraçado é que a visão vai mudando com a idade e a «experienciação» contínua e isso é a melhor parte. Mudanças. O mundo é composto de mudança(…) dizia o Zé Mário Branco, não sei se por constatação de facto ou pela beleza da coisa. Mas porque vivo desde sempre e desde sempre olho o futuro.
Fui iludido, sou iludido e desiludido. Adoro a ilusão porque a partir daí se cria a realidade – o que é isso?
A vida encarrega-se de nos dar bofetões quando chegamos à idade que passamos a controlar a nossa vida - Hum! Balelas. Não controlamos coisa nenhuma. Uns tentam cristalizar a vida naquele ponto. Outros desistem de viver e passam à sobrevivência. Outros convencem-se que a controlam e tornam a sua vida miserável assim como a dos outros - mas não aprendo, erramos na mesma, atiro-me de cabeça, vivo, amo e gosto como se nada tivesse a perder… Quando penso que entrei em velocidade cruzeiro, ai está outro abanão.
E fazer castelos no ar… Ah! Agora como sempre. Adoro sonhar. Não perdi nem uma pitada desse gosto. Talvez agora não os expresse alto por medo do ridículo – ainda essa coisa que nos tolhe a vida - mas é uma das capacidades que não posso deixar que se perca. Tenho a convicção firme que é «o sonho que comanda a vida» como dizia o poeta, assim como tudo o que é fundamental é invisível aos olhos (disse o principezinho). Laços de ternura, laços de amor, relações humanas, intuições, raciocínios… invisibilidades.
Fiz planos e a vida encarregou-se de os alterar a seu belo prazer. E tive o que não planeei. E o que precisei sempre apareceu e o que nem sabia que precisava lá estava e o que queria não aparecia. Uns chamam-lhe Divina Providência, outros, coincidências, outros ainda, a lotaria.
Refinamos, refreamos, rejeitamos, repensamos, descartamos, reagrupamos, re re re re re re re vezes sem conta não porque fazemos quarenta anos mas porque vivemos mais um minuto em que cada segundo conta.
Nesta idade, e nas próximas, apenas agradeço dar-me conta que cada vez se sabe menos, cada vez me conheço menos e cada vez mais me espanto comigo. Conhecemos umas leis da física, da biologia e da psicologia e julgamos que dominamos o mundo e a nossa vida. Depois vem um daqueles casos mirabolantes, impossíveis de acontecer, que nos dizem que somos uns fetos no que toca ao conhecimento deste nosso universo.
Pelo menos aprendi que nunca conseguirei mudar o mundo – descobri após várias tentativas – mas que me posso mudar constantemente. Ou alguém se encarrega disso.
Ah! Que tudo o que digo pode estar errado.
Mas não tem nada a ver com a ternura dos quarenta. Tem a ver com dureza de quarenta anos.
Sou contemporâneo seu e estou nesse clube; e apraz-me perceber que não sou único com 99% de dúvidas e algumas certezas - já estava a pensar reunir num simpósio especialista de várias ciências para estudar o meu caso.
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Mensagem por MClara Ter Jan 13, 2009 3:24 am

Muitas noites as palavras saltam dentro de mim, numa explosão de sentimentos que não consigo reter na minha mente.
Então deixo-me embalar ao som das teclas e solto as ideias desordenadas de quem não quer um dia partir sem que algo fique da sua vida e do seu Eu , em palavras escritas .
Há muitos anos atrás os escritores, escreviam em pequenas folhas, em guardanapos, sempre que um pensamento, uma ideia surgia , agarravam a sua pena , caneta mais tarde e escreviam. Hoje temos os computadores.
Hoje resta-nos desses grandes homens e mulheres sentimentos que partilharam com a humanidade ao longo dos séculos.
O poder das palavras sempre teve o dom de mudar ideias, mentalidades, de nos fazer reflectir um pouco sobre a nossa existência como humanos.
Acho que sou uma pessoa com algo para transmitir, nem sempre o melhor de mim própria, mas acima de tudo o meu Eu, na minha simplicidade de Mulher que acredita no Amor, no Ser Humano, nas suas capacidades de efectivamente podermos mudar o Mundo.
Dizem que os quarenta marcam a nossa mudança de Vida, a nossa capacidade reflectiva sobre tudo o que nos rodeia, o que influencia, a nossa postura e forma de estar com Nós mesmos e com os Outros, as vezes essa mudança é feita de forma repentina, outras de forma gradual e nem sempre nos damos conta…
Mudamos e nem sempre para melhor.
A nossa vida diária embrutece-nos, ficamos mais virados para o aspecto material das nossas carências, achamos que já vivemos grande parte da nossa existência e nada conseguirmos do que um dia sonhamos ter.
A Internet acaba por surgir para muitos de nós como um escape do nosso quotidiano de compromissos sociais laborais e familiares. Como usamos esse espaço, depende da nossa realização pessoal como indivíduos, das nossas frustrações, muitos usam este espaço como um autêntico “saco de pancadas”, onde despejam em cima de pessoas anónimas, tudo o que acumulam no seu dia a dia.
No entanto existem boas pessoas na Internet e tenho conhecido algumas, nem tudo é mau, nem eu tão pouco sou tão negativa e pessimista só para ver a Maldade. Também sei reconhecer o cheiro a Beleza de uma Flor virtual e fui encontrando algumas pelo meu caminho virtual, umas mantém-se vivas, outras perderam a beleza e cor, outras o aroma virtual que permanece e tem dias especiais onde encontro gente bonita atrás de um nickname.
Pessoas extremamente bem realizadas e de bem com a vida, acabam por transmitir a quem os cerca e faz parte do seu convívio Virtual, muito do que são como ser Humano, gentileza, criatividade, rectidão, que contagiam simplesmente todos os que convivem com eles.
Alguns dirão ao ler este texto na sua modéstia e simplicidade que os caracterizam ao ler estas palavras dirão simplesmente, Maria és uma exagerada, mas dirão isso com o seu jeito tímido de quem muitas vezes ficam sem palavras, perante alguém como eu que usa as palavras ao quilo para exprimir tudo o que lhe transborda da Alma.
Num Mundo perfeito concebo pessoas assim, mas infelizmente este Mundo Virtual nem sempre é perfeito, as pessoas adoptam posturas erradas para chamar a atenção sobre si próprias, e não tem capacidade de encontrarem outras formas de dizer…
Estou aqui…
Quem sabe a Vida não as ensinou a serem diferentes do que são, mas uma coisa tenho a certeza, existem pessoas boas no Mundo Virtual, e algumas são as que me fazem acreditar nesse milagre.
Ao lerem estas palavras poderão pensar a Maria tem muitos amigos virtuais perfeitos, não de jeito nenhum!
Somos apenas alguns bons amigos virtuais que partilham ideias e formas de estar, mas que brigam e de cada briga a sua amizade vai ficando mais forte e sadia. Tal como uma arvore que um dia se plantou e que em cada estação vai criando resistências ás intempéries, com mais mossa menos mossa, mais vento, menos vento vai ganhando novas folhas e ficando mais forte.
Sei apenas que o tempo vai passando, vamos ficando mais velhos, mais experientes, vamos até aprendendo com os nossos erros diários de julgamento e precipitação a ser melhores cada dia que passa.
Alguém um dia me disse o Mundo Virtual permite-nos conhecer as pessoas de Dentro para Fora e fazer facilmente uma selecção natural do que nos convém ou não no nosso dia a dia, do que será melhor, do que nos faz bem, do que nos acrescenta algo.
Sim, até acabo por ter sorte tenho Amigos Virtuais que me acrescentam sempre algo diariamente, para mim ao fim de quase seis anos de Internet e conhecer pessoas de todos os extractos sociais, idades, etc… quase posso afirmar..
Também existe “Gente Bonita” na Internet!!
Obrigado Jotace
Obrigado "Haja Paciencia" A ternura dos quarenta -banda sonora de meia vida Icon_redface
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Mensagem por Jotace Ter Jan 13, 2009 5:49 pm

Pacencia escreveu:Sou contemporâneo seu e estou nesse clube; e apraz-me perceber que não sou único com 99% de dúvidas e algumas certezas - já estava a pensar reunir num simpósio especialista de várias ciências para estudar o meu caso.
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Caro António,

li com apreço, e muito agrado, o seu 'fidebéque' á minha inquietação feita banda-sonora-de-meia-vida.
É curioso como a mesma percentagem de duvidas (os tais 99%) é comum a percursos e opções de vida tão dispares. No fundo, arriscar-me-ia a dizer que, quase todos acabamos por nos perguntar "e se eu tivesse feito como ele?", já que muito poucos serão aqueles que se podem dar ao luxo de afirmar que têm e tiveram até agora uma caminhada perfeita, e que tomaram sempre a melhor opção em cada encruzilhada deste nosso já longo trajecto.
Os motivos pelos quais a nostalgia me invade com frequência, em mim vivem e comigo ficarão. Fazem parte do meu 'lado lunar', do 'darkside' que todos nós temos, e que sabemos não ser muito agradável de dar a conhecer a outros. Mas sei que as opções que tomei, podendo não ter sido sempre as mais felizes, foram as que fizeram sentido para mim, em cada fase da minha vida. Qualquer pessoa que explore a sua autoconsciência e introspecção, que passe algum tempo a conversar consigo próprio, não necessitará de ir ao psiquiatra para se encontrar, ou pelo menos para encontrar os motivos por detrás das atitudes, das escolhas, das decisões que toma ou tomou, não é? Eu acumulo essa auto-consciência e introspecção com alguma falta de auto-estima e auto-confiança. Curiosamente isso acaba por me tornar melhor ser humano do que muita gente que me rodeia (afirmação esta que, em si própria já revela mais uma idiossincrasia do meu estranho 'eu'; ou bem que tenha falta de auto-estima, ou bem que me considero um ser humano acima da média, caramba!) Wink . Enfim... adiante, que para a frente é que é caminho. Ainda falta a outra meia-vida (espero eu), e tenho que lhe encontrar a respectiva banda sonora. Laughing


Última edição por Jotace em Ter Jan 13, 2009 8:09 pm, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Jotace Ter Jan 13, 2009 6:08 pm

Maria escreveu:Também existe “Gente Bonita” na Internet!!
Obrigado Jotace
Obrigado "Haja Paciencia" Embarassed

Retribuo o galhardete, cara Maria. Desde que trocámos as primeiras linhas por outras paragens que foi claro para mim que não eras uma 'Maria' qualquer. Wink

Votos de que ambos superemos com sucesso a fase da novidade, e saibamos continuar a conviver salutarmente na fase da rotina. É isso que costuma dar cabo das relações, não é ? Wink Laughing
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Mensagem por Jotace Qua Jan 14, 2009 11:04 am

Curiosamente isso acaba por me tornar melhor ser humano do que muita gente que me rodeia (afirmação esta que, em si própria já revela mais uma idiossincrasia do meu estranho 'eu'; ou bem que tenha falta de auto-estima, ou bem que me considero um ser humano acima da média, caramba!)

Dei por mim e reler o que escrevi ontem, ao correr das teclas, e já vi que não disse o que gostaria de ter dito. Longe de mim ter a dose de ego exarcebado necessária para me considerar um ser humano melhor que os outros, ou acima da média. A expressão correcta não é 'ser humano', mas sim 'cidadão'. Aí sim, sei que o sou, porque sei olhar á volta e ver o pântano de defice de cidadania, de respeito pelo próximo, de altruismo e de solidariedade, em que este povo mergulhou. Sad
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A ternura dos quarenta -banda sonora de meia vida Empty Diferenças

Mensagem por MClara Qua Jan 14, 2009 5:24 pm

Caro Amigo Jotace, nunca se arrependa, ou sinta que não devia ter afirmado, isto ou aquilo.
Aí reside a diferença entre se ser genuíno ou hipócrita.
Não considerei que se coloca num patamar acima dos outros seres humanos, antes pelo contrario, reparei é que sente que evoluiu acima da média humana, na sua capacidade de analisar o que o rodeia diariamente e tentar entender os porquês.
O resultado dessa análise é sem dúvida acabarmos por nos considerar diferentes, mas também mais solitários, porque em alguma fase da nossa vida nos começamos a distanciar do considerado trivial ou comum á maioria dos ditos "seres humanos", os quais por vezes nada tem de Humanidade no seu dia-a-dia.
Por isso no meu entender Cidadania é diferente de Humanidade.
Somos cidadãos do Mundo, com uma particulariedade que nos distingue, ainda não perdemos a Humanidade!
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A ternura dos quarenta -banda sonora de meia vida Empty Re: A ternura dos quarenta -banda sonora de meia vida

Mensagem por Jotace Qui Jan 15, 2009 6:15 pm

MC escreveu:Caro Amigo Jotace, nunca se arrependa, ou sinta que não devia ter afirmado, isto ou aquilo.
Aí reside a diferença entre se ser genuíno ou hipócrita.
Não considerei que se coloca num patamar acima dos outros seres humanos, antes pelo contrario, reparei é que sente que evoluiu acima da média humana, na sua capacidade de analisar o que o rodeia diariamente e tentar entender os porquês.
O resultado dessa análise é sem dúvida acabarmos por nos considerar diferentes, mas também mais solitários, porque em alguma fase da nossa vida nos começamos a distanciar do considerado trivial ou comum á maioria dos ditos "seres humanos", os quais por vezes nada tem de Humanidade no seu dia-a-dia.
Por isso no meu entender Cidadania é diferente de Humanidade.
Somos cidadãos do Mundo, com uma particulariedade que nos distingue, ainda não perdemos a Humanidade!

Caro MC,
eu arrependo-me bastantes vezes de atitudes e palavras que tomei ou usei em determinadas situações. Não vejo nada de errado nisso. Faz parte do meu processo de crescimento enquanto individuo. Não sou perfeito, e posso de facto usar ocasionalmente as palavras erradas para exprimir determinada ideia. Foi este o caso. Eu não me tenho como um ser humano acima da média (conheço pessoas muito mais espontaneamente humanas, generosas e altruistas do que eu), mas enquanto cidadão tenho-me em muito boa conta, sim senhor. Wink Ainda bem que você percebeu a minha intenção inicial, apesar de eu não ter usado as palavras certas. Mas, de facto, poderia haver outras pessoas que, ao lerem, não o tivessem entendido da forma correcta.

Quanto ao resto da sua intervenção, estou plenamente de acordo. Smile

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