Muitos amigos/as perguntam-me porque escreves Maria?
A minha resposta sempre foi escrevo para mim própria, guardo sentimentos, emoções, necessidades como qualquer Ser Humano em palavras.
Coleccionei num verdadeiro baú de Madeira ao longo dos anos, frases, poemas, prosas, escrevi em guardanapos, em contas de restaurante, em toalhas de papel, em cadernos mais ou menos desorganizados, diários, etc.
As vezes gosto de ir rebuscar o meu passado para me entender a mim própria nos dias de hoje e sinto, sou e serei sempre uma eterna insatisfeita comigo própria.
Onde toda as pessoas que se auto intitulam equilibradas desistem, eu não, tenho que ir lá tentar também, desafiar-me a mim própria continuamente.
Nem sei para provar, o que ou a quem, mas sem dúvida que o faço por mim própria em primeiro lugar.
Esta necessidade constante de aprender, fazer coisas novas, questionar-me, tipo, mas se os outros conseguem porque não eu?
Nunca pára esta sede, esta insatisfação, esta procura, muitas vezes nem sei porque, sinto apenas um vazio que tenho que preencher em algum lugar e de alguma forma. Por isso muitas vezes vou ao meu baú de recordações para me entender a mim própria, de repente vem um amigo diz-me uma frase sinto um Clic e tenho que ir à procura da resposta. È por isso que eu agradeço sempre aos meus amigos os Clic que me dão, eles fazem parte do meu processo evolutivo como Ser Humano, mas fazem de mim também uma eterna insatisfeita que esgota depressa e muitas vezes em tempo record tudo o que as pessoas têm para me oferecer durante toda uma vida. São frases que não deixo que acabem de falar porque já entendi o que queriam transmitir, é a pressa em tudo o que faço. E depressa e Bem existe pouca gente que faz bem…Claro que acabam por surgir naturalmente os meus erros de observação, de análise, de compreensão de expressão. Um Amigo disse-me esta semana estavas carente, saciei a tua "sede", não te engasgues com a pressa de beber, aprende a saborear cada gota de Conhecimento.
Sinceramente acho que já desaprendi de saborear muitas coisas da Vida, sou de extremos, vou a extremos, o meio-termo não me preenche, sou Tudo ou Nada. Muitas vezes pergunto-me a mim própria o porquê de eu ser assim, aí vou ao meu baú de recordações e logo entendo …A Vida é curta demais para tanta coisa que eu gostava de fazer, de sentir. Hoje sei que estou viva, amanhã estarei? Esta ânsia de Viver cda dia, como se fosse o último, prende-se com a Morte a única certeza que aprendi a ter , o resto tudo passa, tudo se modifica, dilui no Tempo.
A Morte não, essa é a nossa verdadeira Companheira e única certeza. …Acabo por sentir inveja das pessoas simples quê se contentam com um simples não ou um sim, um mero nome sem questionarem o porquê. Essas sim são mais felizes, aceitam a Vida como ela lhes foi oferecida, ambicionam ter a sua casa, o seu carro algum dinheiro no bolso e nada mais.
Resumindo são felizes, as suas ambições pessoais prendem-se aos bens materiais.
Eu a Eterna insatisfeita despreza os bens materiais, esses não lhe enchem a Alma, não liga a roupas de marca, a acessórios supérfluos, a carros caros, antes pelo contrario penso que por vezes ainda me deixam mais vazia, porque nada significam quando não os temos com quem partilhar, quando não temos alguém que nos diga estas linda hoje, Então eu questiono qual a vantagem de usar uma roupa de marca se ninguém te diz que estás bonita? Serão os acessórios que nos fazem mais ou menos bonitos aos olhos dos outros? Acho que não, são os nossos sentimentos, a nossa forma de estar e saber estar na vida, de nos relacionarmos com os outros seres humanos em sociedade. O que construímos que vai perdurar após a nossa Morte, a forma como os nossos filhos nos vão recordar, os nossos amigos/as. Não quero ser recordada porque uso roupas do Miguel Vieira, ou do Nuno Ferreira, quero ser recordada pelo carinho que transmiti ao longo da minha vida, pelos princípios morais e sociais que transmiti ao meu filho.
È por isso e muitas outras variadas razões que me defino como uma Eterna Insatisfeita. Até breve