Esta semana surgiu um convite por parte do Sr. Luís Gomes da althum.com, para assistirmos ao Concerto de Ano Novo na Sé Catedral do Porto.
Foi com agrado que alguns membros da Portugal-on-line acabaram por comparecer ao evento, apesar do frio que se faz sentir por terras do Norte.

"Criado recentemente, mas contando já com diversos concertos em Portugal, Espanha e Alemanha, CAPELLA PATRIARCHAL, é um projecto destinado fundamentalmente à divulgação da música sacra portuguesa.
Apresentando frequentemente obras inéditas, tem contado com cuidadoso trabalho prévio de investigação das fontes musicais assim como um intenso esforço de observação das práticas interpretativas das diversas épocas.
É dirigido por João Vaz (professor de órgão na Escola Superior de Música de Lisboa e na Universidade de èvora), que tem desenvolvido uma intensa carreira internacional, quer como concertista, quer como docente em cursos de aperfeiçoamento organístico, dedicando uma grande parte da sua actividade ao estudo e divulgação da música Portuguesa.."

Exteriores da Sé Catedral, alguns minutos antes do Concerto...

Interior da Sé, onde se encontra três belos órgãos.
Um deles, no coro-alto, marca em Portugal um periodo que dá início ao desenvolvimento organístico. Trata-se de um órgão do construtor Jann.
CAPELLA PATRIARCHAL, na nossa opinião já não é um projecto, mas sim uma belissima realidade, de qualidade inequestionavel dos elementos que a compoêm.
Mónica Santos, Mónica Monteiro, sopranos
Inês Madeira, Catarina Saraiva, contraltos
João Moreira, André Baleiro, Tenores
Manuel Rebelo, Sérgio Silva, Baixos
João Vaz, órgão e direcção

Dado início ao Concerto foi uma surpresa primeiro ouvir o som belissimo do órgão nos temas de Dieterich Buxtehude(1637-1707), seguindo-se Música Sacra de Fr. Fernando de Almeida (1620-1660), que a mim pessoalmente conseguiu silenciar e prender a minha atenção.
Sei que está previsto um concerto na Sé Catedral de Évora no próximo dia 16 de Janeiro, pelas 21. horas, mas daremos mais informações logo que possível.
Se for possível não percam!
Nós estivemos lá!

Algumas explicações mais sobre os temas que CAPELLA PATRIARCHAL tem no seu repertório.
Dieterich Buxtehude (1637-1707) é uma das figuras cimeiras da europeia para orgão no final do séc. XVII. Tornou-se em 1665 organista da Marienkirche de Lubeck, passando a ter à disposição um monumental instrumento de 4 teclados e pedaleira da autoria de Arp Schnitger, ideal para a expressão do estilo virtuosístico e grandiloquente dos organistas norte-alemães daquela época.
Este estilo é particularmente evidente no Préludio fuga e chacone em Dó maior, cujo solo de pedaleira inicial é, ainda hoje surpreendente.
Buxtehude notabilizou-se também no tratamento das melodias litúrgicas luteranas nos seus prelúdios de coral. Em In dulci jubilo a melodia do coral surge numa versão ornamentada, enquanto que em Jesus Christus unser Heiland é citada em valores longos na voz superior.
A ária que encerra a primeira parte deste concerto é um lamento escrito pelo compositor em memória da morte do seu pai, que ocorrera em 1674.


Fr. Fernando de Almeida (ca.1620-1660) é um dos últimos representantes da tradição de polifonistas portugueses que antecedeu o período de italianização da música sacra operado durante as primeiras décadas do séc. XVIII.
Natural de Lisboa, professou no Convento de Tomar em 1638, vindo a tornar-se mais tarde Mestre de Capela. Há notícia da conservação de cópias de obras suas em Lisboa, assim como da sua execução na Capela Real.
A missa e os Responsórios que foram apresentados neste Concerto (em primeira audição moderna), provêm de um manuscrito conservado na Biblioteca do Paço Ducal de Vila Viçosa. O estilo de Fr. Fernando de Almeida, mantendo embora a estrutura polifónica presente em obras de compositores anteriores, é impregnado dos madrigalismos típicos da música italiana daquele período. O texto dos Responsórios é, assim,particularmente enriquecido pelos recursos musicais que sublinham determinadas palavras.
Em breve este concerto estará em Évora se puderem não percam.