Esta palmeira da foto, é importante. Não apenas por ser uma palmeira, adulta, grande, bonita, mas porque ... vai ser minha. A minha primeira palmeira. Esta palmeira simboliza a concretização de mais uma etapa, a subida de mais um degrau, no caminho para a concretização dos sonhos de uma vida. É uma vitória contra as chatices, as adversidades, e as nuvens negras que em determinadas alturas nos toldam os horizontes.



Há cerca de 3 anos, embarcava eu na aventura de comprar uma nova casa, uma pequena moradia em banda, ainda em inicio de construção, naquilo que eu, nessa altura antevia como um potencial bom negócio. Precisava apenas que duas coisas corressem bem: a venda da minha casa actual, e o processo de construção e licenciamento da casa nova. Pois bem ... ambas correram pelo pior possivel. Rebentou a crise, e durante 3 anos não consegui vender a casa actual, e a construção da casa nova ... seguiu o pior caminho possivel: o construtor parou a construção por falta de financiamento bancário, e o destino da empresa está preso por um fio.

Durante todo este tempo tenho feito o possivel para me sair airosamente da situação, procurando saídas legais que me defendam em caso de falência (há uma entrada em dinheiro envolvida, e não é tão pouco assim). Esta luta esbarrou recentemente na falta de colaboração óbvia do construtor, até termos chegado a um ponto de puro impasse.
Sendo assim, entendi que eu, a minha familia, e o sonho, somos mais fortes do que todos os entraves, desaires, e construtores que nos apareçam pela frente, e resolvemos enterrar o que não tem solução, e seguir em frente com a nossa vida: fizemos o ‘funeral’ ao dinheiro que demos ao construtor há 3 anos, abrimos um processo judicial contra a empresa por incumprimento contratual, e a partir daqui, tudo o que vier, é lucro. Se não vier nada.... estarei a pagar a factura de uma má decisão na vida (afinal, só não as tem quem nunca toma decisões), e ... a vida continua.
Entre contas, recalculos, estimativas e projecções, eu a minha ‘Maria’ estabelecemos o plano que nos permitisse sair ‘por cima’ destes 3 anos de desilusões. O plano que nos permitisse dizer: “apesar de tudo, vencemos”! E assim, aproveitando a actual conjuntura imobiliária, procurámos um bom negócio no mercado, que nos permitisse ficar melhor do que ficariamos se tivessemos ido para a tal moradia nova, em banda, e apesar de tudo, pequena. E o bom negócio apareceu. E o simbolo dele é ... esta palmeira. Esta palmeira representa aí 90% do que eu considero ser ‘a minha casa’, desde que sou criança. Não aquela que alguma vez tenha tido, mas aquela que eu sabia que um dia haveria de ser ‘a minha casa’. Não é um palácio, mas é ... a tal, em que todas as paredes serão minhas, em que poderei andar ‘descascado’ no jardim se me apetecer que ninguem vê, em que poderei conviver com os meus familiares e amigos com todo o espaço e condições para o fazer.
A minha casa actual ainda não está vendida. Deve estar quase, contudo. Com esforço e cedências, mas ... deve estar quase. E se, apesar de tudo não vier a estar, já temos plano de contingencia para mantermos o nosso propósito. Mas vamos em frente, porque ... a vida comanda o sonho. Bem sei que não era isto que o poeta dizia, mas... a vida não é poesia, e na vida real não basta sonhar para lá chegar. É preciso sabermos conduzir a vida até ao lugar dos nossos sonhos. Nestes anos que passaram, em que tenho a minha casa actual á venda, passou por ela muita gente que vive pelas palavras do poeta, e que deixam o sonho comandar-lhes a vida. Muitas que fizeram isso em anos recentes... estatelaram-se, e comprometeram a vida e o sonho. Quando as coisas não nos acontecem fácilmente na vida, (seja por um golpe de sorte ou por um berço de ouro, por exemplo), os sonhos devem ser projectados um pouco acima das nossas possibilidades no presente, para nos estimular a atingi-los. Depois de atingido o primeiro, pode-se começar a construir o sonho seguinte, e recomeçar o processo. Quem sonha demasiado alto logo de inicio, tem dois caminhos possiveis: ou não vai a lado nenhum porque baixa os braços ao perceber quão inacessiveis são os seus sonhos, ou então convence alguem (um Banco, um familiar, etc) a ajudá-lo a alcançar o sonho sem construir a escada para lá chegar. Ambas as soluções não são satisfatórias, embora a segunda possa ser potencialmente pior do que a primeira.
Estas palavras, alem de servirem para partilhar a minha satisfação convosco, são dedicadas a todos os que sabem sonhar, construir a escada, e sabem... esperar. Eu esperei 40 anos.
Quero agradecer ao meu pai por se ter esquecido da minha existência desde a minha infância, e á minha mãe, que apesar de ser a maior e me ter criado e educado sozinha e com muitas dificuldades, nunca me incentivou a querer ir mais além, com medo do futuro. Ambos me deram muita força. E quero dizer-lhes que, no que depender de mim, ainda não vou parar por aqui.
Life is for living, ou como dizemos nós, parar é morrer.

(Maria, se entenderes que esta confissão se enquadra em qualquer dos subforuns deste sitio, estás á vontade para futuramente o mudar para lá).

seja otimista que tudo correrá bem